Material necessário:

Fundo de listras verdes e brancas

Recipiente laranja

Água

Bisnaga para gotejar (nesse caso foi usado um aspirador nasal de bebês encontrado em farmácias, que produz gotas maiores do que o conta-gotas e bem molinho de apertar)

Câmera com lente macro e tripé

Sensor de raios infravermelhos com 1 flash mestre e 2 escravos

Se possível, um suporte de madeira para que o gotejador fique alinhado

 

Grau de dificuldade: 4 Estamos tentando capturar uma colisão entre gotas manualmente, o que depende muito da sorte. Mas se a colisão não acontecer, existe uma infinidade de formatos interessantes de água que acontecem quando lançamos mais de uma gota ao mesmo tempo.

 

Passo-a-passo:

Câmera no tripé (como sempre). Vamos montar o set com o fundo listrado, de cabeça para baixo, e um recipiente laranja transbordando de água. O enquadramento será somente a parte de cima do recipiente e um pedaço do fundo. Usaremos o sensor de infravermelho com seu flash mestre e mais 2 que dispararão por fotocélula - 2 flashes para o fundo e um para a água. O sensor de infravermelho será posicionado logo abaixo do gotejador, para que a gota passe, rompa o feixe de raios infravermelhos, caia na água e depois suba. (Veja a foto do making of). Câmera no modo manual, foco manual (como sempre), câmera na velocidade 2 ou 3 segundos, f.22 (como sempre) e flash em 1/64 da potência (como sempre). Deixe o iso em 100 mas se a foto estiver escura, aumente para 200, depois 400, depois 800, até a exposição ficar boa.

Faça o foco previamente exatamente onde a gota vai cair. Use o centro do recipiente como guia. Eu usei um lápis para fazer o foco.

Ligue o sensor e teste com o dedo. Deixe o botão do delay em 1/4 da potência para testar que momento da caída os flashes estão congelando. Se estiver registrando a coroa, aumente o delay pois nessa foto queremos o rebote. Se o movimento da gota já estiver terminado, diminua o delay.

Baixe as luzes, dispare a câmera, lance algumas gotas e espere a câmera fechar. Veja o resultado. Se o foco estiver perfeito e o momento do congelamento estiver no rebote, apague as luzes e "hora do show".

 

Dicas:

Pense que o objetivo é lançar uma segunda gota sobre o rebote da primeira para que elas se encontrem, uma subindo e outra descendo. Sabemos que o tempo de intervalo entre elas, para que esse encontro aconteça, é em torno de 80 milisegundos. Esse tempo é imperceptível para nossos sentidos e impossível de se contado de cabeça ou com um cronômetro. A técnica que eu uso é perceber a força que eu preciso fazer no gotejador para lançar uma única gota e tento mantê-la constante para que caia uma sequencia de gotas. Outra opção é pensar em lançar um pequeno jato e depois diminuir a intensidade da força. Concentre-se na força da mão apertando o gotejador.

O conta-gotas (apesar de produzir uma gota bem pequena), a bisnaga de ketchup e o equipo com o soro do hospital também podem ser usados para se tentar uma colisão. Eu confesso que estou gostando muito do aspirador nasal mas é uma questão de adaptação.

 

Solução de problemas:

Os flashes não estão disparando: verifique se os potenciômetros não estão topados nas extremidades, veja se o ambiente está escuro o suficiente para que seu dedo ou a gota seja capaz de cortar o feixe de raios infravermelhos, verifique as pilhas dos flashes e obviamente se o aparelho está ligado. Pode ser também que os dois sensores de raios infravermelhos não estejam alinhados e, portanto, o feixe de luz não esteja sendo transmitido.

O foco na gota está ruim: refaça o foco quantas vezes forem necessárias e experimente diversos objetos como prendedores de roupa de varal, régua, lápis até se adaptar a um deles. A precisão do foco deve ser cirúrgica e, sempre que você mexer na câmera refaça o foco. Quanto menor a abertura do diafragma, mais profundidade de campo você terá. Tente se manter em f.22.

Na foto a água está parada, nada de movimento de gotas: seu delay deve estar muito pequeno ou muito grande pois, ou a gota ainda nem caiu ou ela já caiu, já subiu e já sumiu no pote de água. Teste as varições do potenciômetro do delay até "achar" a gota no enquadramento. Menos delay = coroa. Mais delay = pilar de água com gota no topo.

A foto está muito clara ou muito escura: como não podemos mexer na potência dos flashes nem na abertura do diafragma, nos resta o iso (se a foto estiver escura, aumente o iso e se estiver clara, diminua) ou mude a posição dos flashes (se a foto estiver escura, aproxime os flashes e se estiver clara, afaste).

Se o movimento estiver com rastro: seus flashes podem estar numa potência alta e, portanto, produzindo uma luz lenta. Coloque seus flashes em 1/64 de potência para ter uma luz fraca, porém rápida, em torno de 1/30.000 segundo. O flash em 1/1 de potência geralmente produz uma luz de 1/1.000 segundo que é muito lenta para congelar gotas. Pode ser também que esteja havendo interferência da luz ambiente. Apague as luzes.

 

Sobre o sensor de raios infravermelhos:

É um aparelho caseiro que serve para que os flashes sejam disparados no exato momento que a gota está em quadro. A maior dificuldade das fotos de splash é bater a foto no momento certo. Tudo acontece em uma pequena fração de segundo que o olho humano não percebe. Com o uso do aparelho, a própria gota de água é o gatilho dos flashes e são eles que congelam o movimento. A técnica é feita em um ambiente escuro para que possamos deixar a câmera aberta por alguns segundos sem que a luz ambiente interfira na fotografia. A câmera deve capturar somente a luz dos flashes que deve durar apenas em torno de 1/30.000 de um segundo.


Making of



Outras fotos